quinta-feira, 22 de novembro de 2012


Fé na criatura

O prazer de um editor ao ver uma revista saindo da gráfica não difere do prazer de um pai ansioso no corredor de uma maternidade ao ver pela primeira vez um filho, mesmo que separados por uma janela de vidro. Algo mágico! Indefinível! Prazeroso! Tive a oportunidade de ser tomado por esses momentos, mas, também a necessidade de superar a dor da perda assistindo a impossibilidade de continuidade de projetos gráficos bem elaborados, modernos e de conteúdo robusto e mantenedores de uma relação de amor com o leitor. Mortes sempre causadas por inanição financeira. O custo de impressão e distribuição de uma revista é muito alto. Compor uma revista temática sobre o Gir não é difícil. Colaboradores compromissados e ansiosos em viver toda essa magia são o que não falta. Tudo esbarra na questão financeira. Daí o porquê nascem, existem de maneira efêmera e morrem.

Ao chegar da gráfica com os pacotes da primeira edição da revista Girgoiás, uma decepção. Ali estava presente uma criadora de gir que olhou desdenhosamente para a revista, folheou-a rapidamente entregando-a à sua acompanhante, uma publicitária, e, em seguida tomou às mãos um catálogo de um leilão e começou com provocações deselegantes comparando as duas publicações. Só Deus era testemunha das dificuldades que havíamos tido para transformar o sonho em realidade. Como afirma José Luiz Tejon, ‘sonho é um desejo veemente e a ilusão utopia, engodo’. Nunca tive medo do futuro pela certeza de sê-lo um sonho do presente. Como nunca me alicercei no passado, consciente de nada mais sê-lo do que uma memória do presente. O que existe é o presente. Numa ascensão meteórica a revista Girgoiás atravessou o Paranaíba e alcançou o Brasil, de onde atravessou fronteiras e alcançou a América Latina e a Europa. A receptividade com o leitor se traduziu numa verdadeira história de amor. Como tantas outras morreram, também morreu a revista Girgoiás. Inanição financeira.

Recentemente fui convidado a participar de outro projeto editorial envolvendo a raça Gir. Enquanto analisava a proposta deparei-me com o dramaturgo Eugène Ionesco dizendo em um livro: ‘as únicas coisas que podem ser previstas são aquelas que já aconteceram’. Lembrei-me de uma manchete exposta na revista Exame: ‘Revista Newsweek mata a edição impressa e fica 100% digital’. Eureca! Porque não uma revista digital dedicada ao Gir? Uma veiculação mensal em formato digital para a leitura em computadores e tablets com a possibilidade de download para atender os mais antigos não familiarizados com toda essa parafernália da internet? E assim nasceu a revista GIRISTA.com na mesma linha editorial adotada pela Revista Girgoiás, com uma alteração: ao invés de destacar touros que fizeram história na raça, o enfoque serão os donos desses touros, os giristas. Por isso, GIRISTAS.com.

Para hospedar a revista, cuja primeira edição deverá ocorrer na primeira semana de janeiro de 2013 foi criado o blog GIRISTA.com, onde o leitor não só terá acesso às edições da revista, como também baixá-la em download e deixar seus comentários sobre a mesma.

Tenho a confiança de que os giristas terão tanto prazer em ler a GIRISTA.com, como a equipe que participará de sua construção.

Luiz Humberto Carrião