Fé na criatura
O prazer de um editor ao ver uma
revista saindo da gráfica não difere do prazer de um pai ansioso no corredor de
uma maternidade ao ver pela primeira vez um filho, mesmo que separados por uma
janela de vidro. Algo mágico! Indefinível! Prazeroso! Tive a oportunidade de
ser tomado por esses momentos, mas, também a necessidade de superar a dor da
perda assistindo a impossibilidade de continuidade de projetos gráficos bem
elaborados, modernos e de conteúdo robusto e mantenedores de uma relação de
amor com o leitor. Mortes sempre causadas por inanição financeira. O custo de
impressão e distribuição de uma revista é muito alto. Compor uma revista
temática sobre o Gir não é difícil. Colaboradores compromissados e ansiosos em
viver toda essa magia são o que não falta. Tudo esbarra na questão financeira.
Daí o porquê nascem, existem de maneira efêmera e morrem.
Ao chegar da gráfica com os
pacotes da primeira edição da revista Girgoiás, uma decepção. Ali estava
presente uma criadora de gir que olhou desdenhosamente para a revista, folheou-a
rapidamente entregando-a à sua acompanhante, uma publicitária, e, em seguida
tomou às mãos um catálogo de um leilão e começou com provocações deselegantes comparando
as duas publicações. Só Deus era testemunha das dificuldades que havíamos tido
para transformar o sonho em realidade. Como afirma José Luiz Tejon, ‘sonho é um
desejo veemente e a ilusão utopia, engodo’. Nunca tive medo do futuro pela
certeza de sê-lo um sonho do presente. Como nunca me alicercei no passado,
consciente de nada mais sê-lo do que uma memória do presente. O que existe é o
presente. Numa ascensão meteórica a revista Girgoiás atravessou o Paranaíba e alcançou
o Brasil, de onde atravessou fronteiras e alcançou a América Latina e a Europa.
A receptividade com o leitor se traduziu numa verdadeira história de amor. Como
tantas outras morreram, também morreu a revista Girgoiás. Inanição financeira.
Recentemente fui convidado a
participar de outro projeto editorial envolvendo a raça Gir. Enquanto analisava
a proposta deparei-me com o dramaturgo Eugène Ionesco dizendo em um livro: ‘as
únicas coisas que podem ser previstas são aquelas que já aconteceram’. Lembrei-me
de uma manchete exposta na revista Exame: ‘Revista Newsweek mata a edição
impressa e fica 100% digital’. Eureca! Porque não uma revista digital dedicada ao
Gir? Uma veiculação mensal em formato digital para a leitura em computadores e
tablets com a possibilidade de download
para atender os mais antigos não familiarizados com toda essa parafernália da
internet? E assim nasceu a revista GIRISTA.com na mesma linha editorial adotada
pela Revista Girgoiás, com uma alteração: ao invés de destacar touros que
fizeram história na raça, o enfoque serão os donos desses touros, os giristas.
Por isso, GIRISTAS.com.
Para hospedar a revista, cuja
primeira edição deverá ocorrer na primeira semana de janeiro de 2013 foi criado
o blog GIRISTA.com, onde o leitor não só terá acesso às edições da revista,
como também baixá-la em download e
deixar seus comentários sobre a mesma.
Tenho a confiança de que os
giristas terão tanto prazer em ler a GIRISTA.com, como a equipe que participará
de sua construção.
Luiz Humberto Carrião